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manifestação na paulista

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No domingo 21 fui à Paulista na manifestação que houve em repúdio à agressão supostamente motivada por homofobia. Tinha mais gente do que eu esperava que fosse aparecer. Foi divertido, encontrei amigos, ouvi palavras de ordem engraçadas do tipo: fundamentalistas as sapas ocuparam a Paulista; êta, êta nós gostamos de rimar; contra a homofobia, a luta é todo dia; etc.

Estavam lá os partidos de esquerda (PT, PSOL, PSTU), aliás o Carlos Gianazzi e o Ivan Valente, deputados recém-reeleitos do PSOL, estavam lá, eles fazem parte das frentes LGBT na assembleia legislativa paulista e na câmara federal respectivamente. Votei neles, afinal eles não estão só nessa trincheira, estão também junto aos sem-terra, sem-teto, negros, etc. Também estavam a Salete Campari candidata a deputada estadual, que infelizmente não foi eleita; e o Jean Willys recém-eleito pelo PSOL no Rio.

E tinha também o PSDB (uma galera chamada “diversidade tucana’) fiquei feliz com a presença deles lá, felizmente a homossexualidade é algo que perpassa todas as classes, então eles se sentem à vontade de aparecer, mas duvido que aparececem numa manifetação em que só houvesse pobre.

Vamos à luta, que ela é diária, são muitas trincheiras!

PS: este post foi primeiramente um e-mail enviado a alguns amigos.

Written by Walber

sábado, 27 nov. 2010 at 10:32

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professor hariovaldo é fichinha

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Vocês conhecem o blog do Professor Hariovaldo Almeida Padro? Alguém que escreve imitando e exacerbando os preconceitos presentes na velha mídia, no tucanato. Óbvio que a gente lê aquilo e ri, porque parece tudo tão exagerado né?, mas nem tão exagerado assim, dêem uma olhada nos textos de Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo ou nesse aqui do Bolívar Lamounier e aí verão que o professor Hariovaldo é fichinha perto dessa gente.

Selecionei alguns trechos do texto do Lamournier, em itálico:

Por que será que os semi-analfabetos votaram “certo” daquela vez ? (O tucano se questiona porque os semi-analfabetos souberam escolher FHC e agora não sabem mais qual é o lado dos homens bons; detalhe que se vocês lerem o texto do cara verão que semi-analfabetos, é equivalente a povo ou povão).

Outros tantos sentiam-se  (ou foram levados a se sentir) por baixo, humilhados pela “elite”. Lula, ao contrário, é um dos “nossos”. (Basta ler o texto do cara pra perceber que ele é um dos que olham o povo do alto de seu conhecimento, um dos que acham que o povo tem de se sentir por baixo).

A cabeça que requer análise mais detida não é  a  do “povão”, mas a das camadas médias e altas da sociedade. Não tanto a da base,  mas a da parte alta da pirâmide social. (O povo afinal não é tão complexo quanto eu, suas escolhas não passam por um processo de elaboração consciente como as minhas!)

Eleitores de renda média e alta não têm porque votar só em função do bolso. Mais capacitados, no geral, a contextualizar as informações que recebem, eles podem ver as questões do país num horizonte de tempo mais dilatado. (Percebe-se muito bem de que lugar ele tá falando: do alto de seus privilégios).

O texto tem vários outros momentos legais, vale a pena guardar uma cópia. Entre outras coisas, é por isso que não voto em tucanos, os caras acham que eles, e só eles, têm o privilégio da fala, do espaço público, da política. Deem uma olhada nos candidatos tucanos no horário eleitoral gratuito, são os escolhidos: brancos, privilegiados, bem nascidos, com seus sobrenomes difíceis, falando em nome daqueles que não tem o direito ao debate público.

Ai, cansei!

LAMOURNIER, Bolívar. Me engana que eu gosto: raízes do comodismo da classe média. Disponível em: http://portalexame.abril.com.br/rede-de-blogs/blog-do-bolivar-lamounier/2010/09/17/me-engana-que-eu-gosto-raizes-do-comodismo-da-classe-media/

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domingo, 19 set. 2010 at 13:07

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integrados, descolados ou esquisitos

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Na minha experiência na ECA (Escola de Comunicações e Artes da USP), como estudante, costumava classificar os estudantes de lá em três grandes grupos, que coincidiam também com as áreas em que a ECA está dividida, então havia os integrados (os alunos dos cursos de comunicações), os descolados (os alunos dos cursos de artes) e os esquisitos (os alunos de biblioteconomia).

Os primeiros eram os estudantes de jornalismo, publicidade, relações públicas, etc.: uma galerinha branca, bem nascida, convencional, conferiam à ECA um quê de Malhação, na aparência, no vestir; “rebeldes” ou de uma rebeldia incorporada, também à semelhança de uma outra novelinha da tevê. Por que falei de uma rebeldia incorporada, porque ser integrado significa não questionar ou questionar até onde é permitido. Era a galera do esquema, do sistema, já nascem com tudo pronto pra se darem bem na vida.

Os descolados eram os estudantes das artes, com algumas diferenças entre o povo do teatro e o povo das outras artes – talvez fosse o caso de separá-los em categorias diferentes, mas a classificação é minha, e como bibliotecário sei que toda classificação é arbitrária e atende aos interesses de quem a criou, portanto mesmo que rearranje vai continuar passível de críticas, então fica assim mesmo. Essa era uma galera que tinha um jeito de vestir, se comportar menos convencional que o primeiro grupo, com certeza mais diversificado, sua leitura preferida eram os segundos cadernos, é a galera que lotava as calçadas e bares da Rua Augusta, a rua preferida por nove entre dez descolados. No teatro o povo era mais “sexual” do que os outros integrantes da categoria, adoravam esfregar na cara da gente como são bem resolvidos com seus corpos, como lidam bem com sua sexualidade, se beijam, se abraçam, se tocam. Tive a oportunidade de cursar disciplinas optativas no departamento de artes cênicas e sentia certa inveja disso, mas às vezes soava meio falso tudo isso.

E por último havia a categoria na qual eu me incluía, os esquisitos. Os estudantes de biblio destoavam completamente da fauna ecana. Entre os dois primeiros grupos, havia mais semelhanças que dessemelhanças, já entre os esquisitos havia uma diversidade muito maior de idade, cor da pele, classe social, dinheiro no bolso; grande parte tinha uma idade mais avançada ou porque não teve a oportunidade de cursar a faculdade no período ideal ou porque cursava a segunda graduação. Tímidos, discretos, antissociais, comportados e conservadores, fora do padrão de beleza xuxesco (o padrão da Globo). Acho que grande parte dos estudantes de biblio sentia-se meio ocupando um lugar indevido, um estranho no ninho ecano.

Claro que havia exceções em todos os grupos, e insisto que essa classificação atende aos meus interesses, e portanto é arbitrária.

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domingo, 22 ago. 2010 at 16:20

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é viadagem ou preconceito?

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Fico ofendido com esse tipo de comentário proferido por pessoas supostamente sem preconceitos em relação à homossexualidade:  “É diferente, por exemplo, de um Johnny Walker com roupinha de nojentinho dizendo em falsete keep walking, keep walking. Johnny é um filhinho de mamãe inglês que anda por diletantismo, porque cansou do Bentley com motorista, um maricas que nunca precisou pegar um ônibus na vida;” (a íntegra do texto aqui) sei lá, o texto não tinha nada a ver com a questão da homossexualidade, no entanto o cara quer desmerecer a outra marca de uísque e pra isso diz que ele (o outro uísque) é um maricas.

Dias atrás foi o Roberto Requião que no Twitter disse, referindo-se a uma foto em que o Ronaldo Fenômeno aparecia ao lado de Serra e FHC, que aquele deveria parar de andar com travestis, quando alguns apontaram o preconceito presente na frase, ele saiu-se com coisas do tipo: “Existem os Travestis da liberdade. São intolerantes, sem humor, e querem queimar, na fogueira, qualquer manifestação livre e inteligente.” Se ele quer chamar isso de uma manifestação inteligente, vá lá, cada um tem o conceito de inteligência que lhe convém. (Só pra refrescar a memória, esse Requião é o mesmo que tempos atrás viu uma relação entre homossexualidade masculina e câncer de mama, isso apesar de não haver qualquer evidência científica nessa direção).

Não estou aqui pregando o politicamente correto não, nada disso, só expressando meu desconforto e minhas dúvidas. Duas perguntinhas: será que, como diria o cara que escreveu o texto sobre o uísque, é viadagem da minha parte me ofender com isso? Ou tentar desmerecer o Johnny Walker, o Serra e o FHC dizendo-os maricas e travestis é mesmo preconceito?

Apdeite: a fala do Roberto Requião ligando câncer de mama aos homossexuais foi essa “A ação do governo não é só em defesa do interesse público. É da saúde da mulher também. Embora hoje o câncer de mama seja uma doença masculina também, né? Deve ser consequência dessas passeatas gays”, e foi cometida em outubro do ano passado.

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quarta-feira, 4 ago. 2010 at 17:45

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tucanos, meninos bobos

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Do ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira na Folha de hoje (18/07/2010): ‘…por que eu estou chamando o Brasil de menino bobo? Porque só um tolo entrega a empresas estrangeiras serviços públicos, como são a telefonia fixa e a móvel, que garantem a seus proprietários uma renda permanente e segura. No caso da telefonia fixa, a privatização é inaceitável porque se trata de monopólio natural. No caso da telefonia móvel, há alguma competição, de forma que a privatização é bem-vinda, mas nunca para estrangeiros….Vamos um dia ficar espertos novamente? Creio que sim. Nestes últimos anos, o governo brasileiro começou a reaprender, e está tratando de dar apoio a suas empresas. Para horror dos liberais locais, está ajudando a criar campeões nacionais. Ou seja, está fazendo exatamente a mesma coisa que fazem os países ricos, que, apesar de seu propalado liberalismo, também não têm dúvida em defender suas empresas nacionais…. não faz sentido para um país pagar ao outro uma renda permanente ao fazer concessões públicas a empresas estrangeiras…’ (grifo meu).

Às vezes fico me perguntando: será que ninguém mais acha estranho uma empresa como a Eletropaulo ser privatizada? Sim, porque a mim parece um total contra-senso criar um monopólio privado estrangeiro num serviço público básico. Privatizar uma empresa que não tem concorrência, só os meninos bobos tucanos pra realizar essa proeza e ainda sair bem na foto… da Folha, do Estadão, do Globo, etc.

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domingo, 18 jul. 2010 at 13:53

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manifesto “quem mexeu no meu queijo”

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Há um Manifesto São Paulo para os Paulistas disponível na internet, reclamando uma São Paulo sem pessoas de “outra cultura e valores”, que “desrespeitam nossos costumes”, “estão considerando [a nossa terra] uma extensão do Nordeste”. Entrem lá e assinem a petição, mas por favor, sem demonstrações de racismo, afinal, somos paulistas polidos!

Ah, não deixem de ler os comentários, garantem ótimas gargalhadas.

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quinta-feira, 8 jul. 2010 at 23:09

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breve história ilustrada da humanidade

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Vi isso em algum lugar da Internet como sendo um resumo da história da humanidade em imagens.

É meio misógino ou é implicância minha? Fica parecendo que todas as lutas, conflitos, guerras foram perpetrados pelos homens pra impressionar as mulheres. Sei não, acho que as mulheres não foram passivas assim. Isso serve mais apropriadamente como resumo dos filmes feitos por Hollywood, nesses sim, tudo acontece porque há um homem disputando a cama, o sexo de uma mulher.

Ou será que Hollywood imita a vida?

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sábado, 3 jul. 2010 at 22:20

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óbvio ululante

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De novo a greve da USP, o blog está virando monotemático!

É incrível que aqueles que acusam os grevistas de radicais são radicais em seus discursos, em sua fala; sequer dão-se ao trabalho de apresentar argumentos consistentes ou expor as reivindicações do trabalhadores, apresentam tudo de forma descontextualizada, e ainda assim ou justamente por isso, usam palavras e frases grosseiras para qualificar os grevistas, como: “vândalos irresponsáveis”; “coisa de bandido e terrorista”. Enfim, é o outro lado da moeda.

Acusam o movimento grevista de ser político, ora bolas, é óbvio que é político, será que eles acham que a escolha de João Grandino Rodas para reitor não é uma escolha política? No programa Provocações, da Cultura, Antonio Abujamra faz a seguinte fala: “Assumiu o novo reitor da velha USP, Universidade de São Paulo, a mais importante universidade pública do país, ele foi o segundo colocado na lista tríplice dos mais votados na USP. A tradição, desde o fim da ditadura, é que o primeiro mais votado fosse o escolhido, mas o governador José Serra escolheu o segundo” . Ao que o apresentador pergunta: “O último governador a escolher o segundo da lista foi Paulo Maluf, essa lembrança chega a lhe incomodar?” e “Alguém escreveu que você foi escolhido porque é bem próximo da cúpula do PSDB, é isso?” É óbvio que a escolha do Rodas é uma ação política, nem teria como não ser, por isso não entendo essa acusação de que a greve é política, claro que é!

Usam como fontes de suas falas matérias e artigos publicados na Folha, no Estadão, na Veja e se creem isentos. Poxa, que leiam todos esses órgãos de imprensa, mas leiam também aqueles que estão no outro lado no espectro ideológico, quem sabe assim consigam alcançar um pouco de equidistância na hora de expor suas opiniões; só para clarificar, estou falando de equidistância não de isenção, não acredito nem numa nem noutra, mas acho a primeira mais razoável. Acusam a greve e os grevistas de serem ideológicos, como se suas opiniões não fossem também ideológicas.

Não é muito difícil ser classificado como radical em tempos de obediência, de bovinização, de criminalização de qualquer insubordinação; quanto à greve ser um ato político ou as opiniões dos grevistas serem ideológicas, francamente, isso é o óbvio ululante, acho meio broncas as pessoas que apontam esse caráter político ou ideológico de greves e grevistas.

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terça-feira, 29 jun. 2010 at 22:04

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lutar com as armas que se tem

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Vou fazer aqui uma defesa da invasão e consequente ocupação da reitoria da USP pelos funcionários na última terça-feira (08/06), por dois motivos principais: não acho que foi uma violência e é uma arma com a qual nós funcionários contamos. É óbvio que eu gostaria que não precisássemos usar dessa ferramenta, mas, diante da violência cometida pelo reitor que foi o corte de ponto dos funcionários de menor ordenado, talvez não houvesse outra saída.

Sei que o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) representa os trabalhadores da USP, e dentre esses há uma grande parcela que é composta por pessoas mais conservadoras, talvez a maioria, ouso arriscar; e acho que o Sintusp deveria negociar um pouco mais com esse grupo. Evidente que essa maioria conservadora ficaria naturalmente contra uma ação dessa categoria, vista como violenta, numa total inversão de valores, pois não consideram violência o salário de fome que é pago para seus colegas terceirizados, com os quais convivem diariamente.  Assisti dia desses 2012, um desses exemplares do cinema-catástrofe que Hollywood faz de tempos em tempos, em que o mundo ou uma parte dele está prestes a sumir do mapa e as pessoas estão a todo momento passando por uma situação-limite (não, nada a ver com Paulo Freire, no caso hollywoodiano significa contagem regressiva). No filme, eles constroem arcas para salvar as pessoas, só que ao invés de tentar colocar o maior número possível de pessoas dentro dessas embarcações, algo de que primeiro se lembram de salvar são as produções culturais valorizadas por nossa cultura ocidental, então são levadas para as arcas a Monalisa de Leonardo da Vinci e outras obras igualmente valorizadas, ocupando um precioso espaço, mas nem passa pela cabeça das pessoas dispensar essas obras em prol de salvar mais vidas humanas. Enfim, esse parêntese apenas para tentar ilustrar de outra maneira essa inversão de valores de que falei acima. É mais importante uma porta derrubada da reitoria do que um colega de trabalho com o qual convivemos, é mais importante a Monalisa do que uma vida humana, talvez seja eco do nosso Zeitgeist, sei lá, talvez esteja viajando!

Depois de defender a invasão da reitoria porque não a considero violenta, quero defender porque acho que numa luta, e é disso que se trata, deve-se usar das armas de que se dispõe, e não nos iludamos, nós funcionários não dispomos das mesmas armas de que dispõem os reitores, os professores ou a reitoria. A Folha de S. Paulo trouxe na quinta-feira dia 10/06 um artigo do reitor João Grandino Rodas no qual ele apresenta sua visão de como a universidade deveria ser financiada. O artigo Mecenato e universidade foi publicado no primeiro caderno na página 3 (a única que merece ser lida no jornal, ironicamente aquela em que o conteúdo principal não é feito por jornalistas). É bem plausível que o Rodas sequer tenha solicitado o espaço, a Folha talvez o tenha convidado para escrever. Quantos de nós gozariam do mesmo privilégio? Será que se escrevêssemos um artigo assinado por um grande número de funcionários conseguiríamos a cessão do espaço mais nobre do jornal para expor nossa visão de universidade? Duvido! Portanto, se não podemos contar com a página 3 da Folha, podemos invadir a reitoria da USP, é só uma questão de usar as armas de que se dispõe, tanto da parte do Rodas como da nossa.

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sábado, 12 jun. 2010 at 22:12

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sobre a entrevista do reitor da usp à rádio bandeirantes

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Ouvi a entrevista do reitor da USP João Grandino Rodas na Rádio Bandeirantes. Daria pra escrever uma tese sobre cada fala do reitor-interventor nessa entrevista, infelizmente não tenho esse talento.

Alguns pontos me chamaram a atenção. Primeiro fica evidente o despreparo, o preconceito, os argumentos classistas do reitor, por isso cada vez mais eu me convenço de uma coisa: o sujeito pode ler Shakespeare, Flaubert, Proust, enfim, todo o cânone ocidental e continuar babaca, aliás, frequentemente é isso que acontece.

Segundo, o papel exercido pelos jornalistas. Os caras servem de “escada” para o reitor (escada, no jargão da comédia, é o ator que dá a deixa para o ator principal dizer sua fala), em nenhum momento eles fazem perguntas difíceis, contra-argumentativas, não só porque não têm o conhecimento para questionar como porque tem uma visão de mundo bem parelha à do reitor-interventor.

E o que dizer da linguagem embolorada de um deles, Salomão Ésper, o nome da figura. Ouvindo-o me lembrei de um personagem de uma peça do França Júnior – dramaturgo brasileiro do século XIX -, o tenente-coronel Chico Bento sempre inseria no meio de suas falas expressões em latim, por mais gratuitas que soassem.

Outro ponto importante. Um dos jornalistas diz, lá para o finalzinho da entrevista que  “a população não pode ficar privada de um espaço como o da Universidade de São Paulo pra práticas de atividades físicas, numa cidade que maltrata demais os seus  cidadãos”. Pergunta: quem está inserido nessa população de que fala o jornalista, quem está incluído e quem está fora? Eu tenho meu palpite, aposto que a população da favela São Remo, vizinha à USP não está dentro dessa população que deve ter acesso à USP; gozado que justamente nesse momento se discute o fechamento do portão que dá acesso à USP aos moradores dessa localidade.

E como disse o reitor, a USP “é de todos e não só de alguns”, ótimo, concordo inteiramente, a população precisa realmente ter a acesso à USP, só assim vai descobrir o Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP) apinhado de gente às 2 da tarde de um dia útil, aí quem sabe ela tenha noção dos privilégios de que goza certa parcela da população.

FRANÇA JÚNIOR. Como se fazia um deputado

Entrevista do reitor à Rádio Bandeirantes. Aqui o link original: http://radiobandeirantes.com.br/notas.asp?ID=300461

Written by Walber

quinta-feira, 20 maio. 2010 at 22:57

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